Blog do Daniel Benevides

Arquivo : Jorge Luis Borges

A paixão de Gay Talese pela mãe de Borges
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Daniel Benevides

Borges e sua mãe, Leonor

Gay Talese tinha 30 anos. Era repórter do The New York Times quando recebeu a incumbência de entrevistar Jorge Luis Borges. Corria o ano de 1962. Borges já tinha publicado alguns de seus melhores livros, “Ficções” e “O Aleph”. Talese ainda buscava o estilo com o qual ficaria conhecido como um dos grandes jornalistas de história, autor de “A Mulher do Próximo” e “Fama e Anonimato”.

Como ele mesmo revela, num texto breve escrito recentemente, por ocasião dos 25 anos da morte de Borges, estava muito nervoso. Tão nervoso, na verdade, que ao chegar no lendário Algonquin, hotel que costuma receber a nata dos intelectuais que giravam em torno da The New Yorker (onde Talese escreveria, mais tarde), como Dorothy Parker e o editor Harold Ross, em libações homéricas, e dar de cara com o já cego mestre da literatura, teve olhos apenas para a mãe deste: “que, apesar de ter 85 anos, não aparentava mais de 60 e que, poderia acrescentar, era de uma beleza assombrosa para qualquer idade. Pensei que não podia ter sido mais bela nem quando tinha 25 anos”.

E o elogio continua, ocupando um espaço considerável numa matéria curta. Talese tinha apenas meia hora para conversar com Borges. Curiosamente, não falaram de sua obra. O texto, ao final, revela talvez a ignorância sobre os labirintos e espelhos do mestre argentino nos EUA, que viviam os anos exultantes da era Kennedy e ainda viam a América Latina como o quintal dos fundos.

A entrevista foi publicada no Babélia, suplemento literário do jornal espanhol El País.

Hoje também saiu aqui no UOL mesmo, uma resenha minha de “Borges Oral/Sete Noites”. Quem se interessou pelos escritos não-ficionais do viejo Brujo pode procurar também os livros “Outras Inquisições”, “Prólogos, com um Prólogo de Prólogos” e “Discurso”.

 


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